Delegar tarefas, no contexto da liderança, parece um gesto simples e até estratégico. No entanto, para muitos líderes, essa prática torna-se um impasse marcado por ansiedade, insegurança e até culpa. A dificuldade em confiar no outro, em abrir mão do controle e em aceitar que diferentes modos de executar podem ser igualmente válidos, revela muito mais do que um problema de gestão: expõe conflitos inconscientes.
Na perspectiva psicanalítica, a resistência em delegar pode estar associada à neurose obsessiva, em que o sujeito busca controlar cada detalhe para evitar falhas ou punições imaginárias. Muitas vezes, esse controle excessivo é movido por uma culpa inconsciente que faz com que o líder se sinta responsável por tudo e por todos, incapaz de permitir que o outro assuma sua parte. Essa posição pode gerar sobrecarga emocional, estresse e até o adoecimento psíquico.
A psicanálise, ao oferecer um espaço de escuta e elaboração, possibilita que o líder compreenda a raiz desse funcionamento. O processo analítico ajuda a identificar de onde vem a necessidade de controle, qual o papel da culpa em sua vida psíquica e de que forma é possível sustentar uma posição de confiança no outro sem que isso represente perda de autoridade ou valor pessoal.
Assim, ao atravessar esse caminho de autoconhecimento, o líder pode aprender a delegar de forma mais saudável, liberando energia psíquica para a criação, para o cuidado com sua equipe e para a tomada de decisões estratégicas. Em última instância, delegar é também um ato de confiança: no outro e em si mesmo.




