É natural que muitas mães sintam dificuldade em aceitar que o filho cresceu, construiu sua própria vida e agora compartilha suas escolhas com outra pessoa. O casamento marca uma passagem importante: o filho deixa de ser apenas “o filho da mãe” para tornar-se também parceiro em uma nova relação.
Quando essa transição não é elaborada, algumas mães permanecem exercendo um controle sutil — ou explícito — sobre o casal. Esse controle pode se manifestar em críticas constantes, tentativas de decidir pela vida dos filhos, comparações com o passado ou até na sensação de que “ninguém cuidará dele tão bem quanto eu”.
Na visão psicanalítica, esse movimento carrega algo ambivalente: ao mesmo tempo em que existe amor e desejo de proteção, há também medo de perda e dificuldade em lidar com a separação simbólica. O excesso de controle pode gerar conflitos conjugais, alimentar sentimentos de culpa no filho e enfraquecer os vínculos entre todos os envolvidos.
O desafio está em transformar o vínculo de dependência em uma relação de respeito e confiança. Reconhecer que o filho agora é sujeito de sua própria vida é um ato de amor que fortalece tanto a maternidade quanto o novo laço conjugal. É no espaço da autonomia que surgem relações mais saudáveis, baseadas não no controle, mas no cuidado que sabe acolher sem aprisionar.




