Série Mecanismos de Defesa do Ego: Regressão
Você já percebeu como, diante de certas situações difíceis, às vezes nos comportamos como crianças?
É como se, por alguns instantes, a maturidade desse lugar para uma versão mais frágil de nós mesmos — que busca proteção, acolhimento e segurança.
Esse retorno simbólico a fases anteriores da vida é o que a psicanálise chama de regressão.
A regressão é um mecanismo de defesa do ego descrito por Sigmund Freud. Ela ocorre quando, diante de uma ameaça ou frustração, o sujeito recua a modos de funcionamento psíquico de etapas anteriores do desenvolvimento.
É uma tentativa inconsciente de fugir da angústia, buscando o conforto de um tempo em que as exigências da realidade eram menores.
Por exemplo:
Uma pessoa adulta que chora de forma descontrolada ao se sentir rejeitada pode estar regredindo a uma fase infantil, quando chorar era a única forma de expressar dor.
Ou alguém que, diante de um desafio profissional, se sente “incapaz” e precisa que o outro a tranquilize, como uma criança que busca o olhar dos pais para se sentir segura.
Na clínica psicanalítica, a regressão pode aparecer tanto como um recurso de defesa quanto como um movimento terapêutico.
Quando ela se manifesta de forma passageira, permite que conteúdos inconscientes venham à tona e sejam elaborados.
Mas, quando se torna rígida, o sujeito pode ficar preso a modos infantis de lidar com a vida, evitando o crescimento e a responsabilidade.
Freud via na regressão uma das formas pelas quais o inconsciente tenta proteger o ego da angústia — mas também uma via de acesso ao que ainda precisa ser reconhecido, elaborado e transformado.
Em resumo:
A regressão é o movimento psíquico que nos leva de volta a estados antigos do eu.
Ela revela o quanto o ser humano é capaz de oscilar entre o passado e o presente, entre o adulto e a criança que fomos — e que ainda vive em nós.




