A somatização é um fenômeno psíquico em que conflitos inconscientes se expressam no corpo, manifestando-se por meio de sintomas físicos sem uma explicação médica clara. Na psicanálise, entende-se que o corpo não é apenas biológico, mas também atravessado pela linguagem e pela história do sujeito. Assim, dores crônicas, enxaquecas, problemas gastrointestinais ou fadiga persistente podem ser formas de o inconsciente encontrar uma saída quando a palavra falha.
Freud, desde os Estudos sobre a Histeria (1895), já indicava que sintomas físicos poderiam funcionar como substitutos de afetos recalcados. Mais tarde, outros psicanalistas aprofundaram essa compreensão, mostrando que a somatização pode ser lida como um pedido de escuta: aquilo que não se pode dizer, simbolizar ou elaborar psiquicamente, retorna no corpo.
A clínica psicanalítica não busca apenas aliviar os sintomas, mas compreender o que eles comunicam. Através da fala, o sujeito pode dar sentido àquilo que o corpo insiste em manifestar, abrindo espaço para novas formas de lidar com seu sofrimento. Nesse processo, a escuta analítica se torna um lugar privilegiado para transformar a dor sem nome em palavra e, assim, em possibilidade de elaboração psíquica.




